(1)Presidente da Direção da ADVID e Diretor de Viticultura Douro Sogrape Vinhos
PORQUÊ
Como é geralmente conhecido e reconhecido a vinha e o vinho são realidades milenares, consequência da elevada resiliência de uma atividade com uma forte identidade, regional e nacional, que marcou e marca ainda hoje os territórios e culturas aonde se desenvolve e de que o reconhecimento do DOURO como Património Mundial, bem como de outras paisagens vitícolas mundiais é um exemplo.
Contudo a “novidade” que é a velocidade e intensidade dos acontecimentos nos nossos dias, nomeadamente no que concerne às alterações climáticas, às questões demográficas, às questões comportamentais do consumidor, e à evolução dos mercados, pressionam os agentes económicos desta atividade de uma forma ainda nunca antes sentida. As ferramentas tecnológicas resultantes de um progresso científico também ele provido de uma “velocidade” e intensidade nunca vivida são uma das soluções de capacitação mais eficazes e apelativas para esse objetivo.
Hoje em dia as ameaças globais tais como alterações climáticas, instabilidade geopolítica, concorrência intensa entre países e regiões ou as ameaças locais tais como a baixa densidade populacional e consequente falta de mão de obra ou um tecido socioeconómico pouco desenvolvido e consequente lacunas nas suas capacidades, obrigam todo um sector económico a evoluir e transformar-se para potenciar a retenção e atração de mão de obra, a maximizar a produtividade dessa mão de obra escassa, aonde o recurso às ferramentas tecnológicas existentes e em desenvolvimento, mesmo que não seja o mais imediato é o mais lógico.
Deste modo, não é surpresa que independentemente da dimensão, dos pequenos aos grandes produtores, se verifique na atualidade uma busca constante de otimização da tecnologia para a melhoria da sua sustentabilidade, dos pontos de vista social, ambiental e económico, com uma consequente expetativa no aumento da competitividade e resiliência, o que de forma agregada, se constitui como garante da sustentabilidade do crescimento almejado pelo Cluster económico e social da indústria vitivinícola.
O QUÊ
A noção e o reconhecimento da existência de um Cluster da Vinha e do Vinho neste sector económico, mesmo que parte ainda se encontre numa forma menos estruturada, permite potenciar as abordagens multi-ator, em que com o envolvimento de todos, estado, entidades de I&DT, associações, empresas, cooperativas, particulares, podem tomar parte ativa no processo.
O CoLAB da vinha e do Vinho (CoLAB Vines & Wines) como entidade de interface é um dos veículos preferenciais de desenvolvimento dos processos interativos que se iniciam através da sinalização de necessidades e de direcionamento do desenvolvimento tecnológico no sentido de lhes responder, com subsequentes ciclos de auscultação das empresas em relação às soluções demonstradas ou desenvolvidas, geração de “massa crítica” para alavancar o desenvolvimento de soluções por parte de “tech providers”, assim como na democratização das mesmas através da capacidade de diluir custos e de levar tecnologia e conhecimento técnico até à sua aplicação, assegurando assim a sua rápida endogeneização em todos os agentes económicos, e estreitando deste modo o fosso entre as empresas e o ecossistema de Investigação, inovação e desenvolvimento.
COMO
As tecnologias representam uma solução, não só direta, à maioria dos problemas, mas também indireta, e transversal, pois permitem potenciar a retenção e valorização de mão de obra capacitada, bem como a criação de capacidades de formação direcionada, para por um lado, potenciar a instalação das tecnologias a curto prazo, desta forma tirando o máximo partido das mesmas e por outro, potenciar o desígnio da retenção de mão de obra jovem e especializada, a que corresponderá uma valorização da sua remuneração, em linha com o incremento de produtividade.
Este “ambiente” que designamos como Agricultura Inteligente e que no caso da vinha especificamos como Viticultura de Precisão, resultará da conjugação de 3 fatores expressos desta forma sucinta:
A solução, de facto, encontra-se na forma de fazer acontecer, explorando e potenciando a abordagem multi-ator através de estruturas de interface como o CoLAB da Vinha e Vinho, maximização os benefícios da mesma, e que deverá (tem) de ser alavancado pelo poder decisório ao apoiar ativamente esta abordagem, assumindo com outra “velocidade” o conhecimento cientifico e endogeneizando na legislação tal evolução, diminuído as barreiras à introdução de novas soluções, bem como reconhecer a importância do envolvimento de todos os agentes económicos, incluindo a capacidade de tração e liderança das empresas neste processo.